Mas não se iluda ao analisar o design tosco de um besouro. Contra toda expectativa, contra qualquer explicação, ele voa. p.10
Fantasminhas camaradas pintam em cada esquina. Basta dobrarmos para um lado para que apareça, seguindo em sentido oposto, um fantasmo nosso, vivendo as coisas que deixamos de viver. p 11 e 12
[...]com o tempo, o número de fantasmas cresce de forma incontrolável. Já não é possível ouvir todos com a atenção que merecem. Não consigo mais anotar todas as ideias que eles sugerem. Ficam fragmentos na minha mente. p. 13
O jeito é aprender a distinguir o rengo sentado e o cego no escuro. p. 17
Assim como a gente pode parecer inteligente, esperto e bem informado ficando calado. p. 34
No fundo, é sempre uma carência que leva aos excessos. E os excessos levaram muita gente boa[...]. p. 41
Ser escravo da sinceridade cansa. Não saber blefar é coisa de amador. O jogo é pesado e as fichas podem acabar a qualquer momento. p. 49
Remédio ou veneno, a diferença está na medida. Mas cá pra nós, é bom um exagero ou uma carência de vez em quando. p. 68
"E se..." é um mantra legal. Três letras, duas palavras, uma permanente pulga atrás da orelha. [...] "E se"é uma usina criadora de fantasmas. p. 89
Falta de ambição virou um salvo conduto. p. 90
[...] forno aberto não assa pão. Outra: não é por ter sua ninhada num forno abandonado, que os filhotes de uma gata serão pão. A primeira, fala da hora do mergunho na verdade interior. A segunda, diz que há uma essência que transcende a existência. p. 91
Natural, há um oceano na cabeça. As músicas, livros, desenhos, gritos, susurros e silêncios são apenas as ondas que chegam à praia. E as ondas voltam. Sempre. Nunca iguais. p. 102
Livro: Mapas do Acaso. 45 variações sobre um mesmo tema. Humberto Gessinger