domingo, 1 de maio de 2011

FERIADO?

Não dormia mais desde que compreendera que no sossego da noite meu cérebro funcionava melhor. P. 15
Então pensava com meus botões que minha vida tinha sido fácil demais e que eu estava condicionada por uma educação em que o medo da mudança se escondia atrás de prescrições de prudência. P. 17
Sou dona de mim mesma, mas pequena e frágil, humilde pois consciente demais de minha vulnerabilidade e de minha inconsequência. E minha solidão me descansa. Sou a única responsável por minhas contradições.  Sem precisar me esconder, sem o peso daquele que escarnece, que late ou que morde. P 84
Compreendi então que a vida nos enche de provisões para nossas travessias do deserto. Tudo o que eu tinha adquirido de modo ativo ou passivo, tudo o que tinha aprendido voluntariamente ou por osmose me voltava como verdadeiras riquezas de minha existência num momento em que eu tudo perdera. p. 111
Descobri o mundo da insônia e o encantamento que ele produzia em mim. Aquelas horas de vigília me davam acesso a outra dimensão de mim mesma. Uma outra parte de minha mente se substituía à primeira. P 115
[...] descobri que o que os outros têm de mais precioso a nos oferecer é o tempo, ao qual a morte dá o seu valor. P 139
As boas lembranças são aquelas vividas com os que amamos, porque podemos rememorá-las juntos. P 160
Tomei a decisão de ser prudente e me calar. Eu observava como jamais tinha feito antes, compreendendo que os mecanismos de transformação espiritual demandavam uma Constancia e um rigor que eu tinha o dever de conquistar. Precisava me vigiar. P 167
Sabia que a situação em que vivia era uma oportunidade que a vida me oferecia para me interessar por outras coisas que em geral me repugnavam. Descobri outro modo de viver. P. 180
Na imensidão da selva, onde faltava tudo, menos espaço, a guerrilha resolvera nos confinar num lugar exíguo e insalubre que favorecia apenas a promiscuidade e o confronto. P 231
[...] eu detestava aquilo em que estávamos nos transformando. Sentia que corríamos o risco de perder o melhor de nós mesmos, de nos dissolver na mesquinharia e baixeza. Tudo isto não fazia senão aumentar minha necessidade de silêncio. P 246
Nadie le quita a uno ni lo comido, ni lo bailado. (Ninguém tira da gente o que se come e o que se dança). P 249
Era de tal forma ridículo que era magnífico. P 264
O mais grave não era morrer. O pior era me tornar aquilo que eu mais abominava. P 364
Eu abria os olhos para a importância de nos exercitarmos para continuar humildes onde quer que nos situemos na roda da fortuna. Precisei descer na escala humana para compreender isto. P 366
Livro: Não há silêncio que não termine. Ingrid Betancourt (Meus anos no cativeiro na selva colombiana)