quinta-feira, 4 de novembro de 2010

BRINCOS DE RUBI

O aroma era mais do que o suficiente para perceber de que me aproximava da casa da esquina. As flores de primavera eram realmente perfumadas de uma fragrância viviante.

Como na realidade verdadeiramente dinâmica, prefiro não ter a revelação da foto que guardo comigo, assim levo dentro de mim cada momento passado tranformando-o, sempre que me seja oportuno, em parte do meu presente.  

Quando temos interesse em alguma coisa, colocamos em prática uma espécie de timer interno e acordamos precisamente na hora, nos minutos e nos segundos predeterminados. É verdadeiramente incrível o quão preciso é o despertador dos nosso interesses pessoais.

Eis a maior contradição do destino. Um homem tem em seus pensamentos a possibilidade do todo e de tudo, pensamentos que parecem transcender sempre os limites do corpo. O corpo tem sues dias contados e, por mais que lute, acaba sempre morto em algum lugar distante dos pensamentos.

O imaginário é sempre superior a toda e qualquer realidade. Quando imaginamos algo, colocamos exatamente o qque nos é mais apropriado para cada caso. Construímos minuciosamente cada detalhe do que desejamos imaginar e, assim, obtemos o que realmente nos é insubstituível. Ao contrário do imaginário, as pinceladas vinham caindo no mundo do realizável com todos os defeitos que só o universo estático do realizado consegue agregar.

O crepúsculo sempre traz uma sensação de cansaço, dizem que todos temos uma pequena febre neste horário de metamorfose da atmosfera, onde nossos corpos morrem um pouco com o grande sol que se vai.

O tempo dilata-se sempre que vivemos uma nova experiência.

Da casa da esquina eu ainda sinto o perfume das flores.

Livro: A Casa da Esquina. Duca Leindecker.